quinta-feira, 28 de outubro de 2010

De calças curtas

Não vi, não estava lá. Mas os relatos do Diário do Saae tem até foto, então a coisa deve ter ficado meio feia mesmo. Segundo o blog, feito por funcionários da autarquia - não oficial, segundo a assessoria - o prefeito Maroca chegou à solenidade de entrega de veículos no setor de operações e foi surpreendido por um grupo de insatisfeitos. Eles estão indignados com o Plano de Cargos Carreiras e Salários (PCCV?), feito a portas fechadas sem palpites dos mesmos e maiores interessados. Depois disso o climão prevaleceu durante toda a solenidade.

Por mais que o cerimonial tente prever e organizar um evento como esse, o melhor da festa são os imprevistos. Isso é uma opinião deste blogueiro. Sempre que há uma surpresa, algo que sai do script, a coisa fica mais "divertida". E neste caso perdi.

Mas vamos em frente. Parte da população reclama que o prefeito mal dá a sua cara na rua - agora isso não é opinião do blogueiro, e sim repassando o peixe que comprou. E quando dá, leva um tapa de luva como esse. Para a imprensa então, as coletivas são momentos raros, que nestes quase dois anos, poucas aconteceram. Não que eu possa reclamar, pois como jornalista fui atendido na maioria das vezes pelo sempre simpático Maroca.

Mas uma coisa é o trato com a imprensa, outra com a população. É ela que sabe das principais necessidades, e tem a total liberdade de reclamar quando sua rua está esburacada (olha eles ai de novo minha gente), o esgoto está jorrando na porta da sua casa ou mesmo as falhas no trânsito. Afinal, a prefeitura trabalha para melhorar e organizar a cidade. Eles foram eleitos para isso.

Mas ainda bem que há os imprevistos como esses. E aguardamos para saber se houve resultado esse puxão de orelha, pois o Maroca foi pego de calças curtas.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Câmara II ou Flávio na Cova dos Leões

E estava na reunião o secretário de planejamento, Flávio de Castro. Este blog já veio em texto defender este secretário, por termos em mente ser um dos únicos que realmente procura trabalhar e não fingir trabalhar.

Mas ontem estava lá: Flávio na Cova dos Leões. Frente à frente com alguns dos detratores, que pelas costas adoram falar mal, mas que na frente assumem uma postura amena e aproveitam para elogiar. O secretário foi através de um requerimento assinado pelos vereadores Euro e Dalton, para explicar o novo DLO (já falamos sobre o assunto em outro texto).

Primeiro Flávio discorreu sobre as reformulações no departamento, responsável por liberar as obras, novos loteamentos, enfim, de diversos interesses de diversos poderosos por ai. Mas contra argumentos, não há como contestar. Ele mostrou novamente que aquilo ali antes era a casa da mãe Joana. Uma baderna sem fim, o que dava margem para diversas acusações de favorecimentos. "Havia uma série de evidências de tráfico de influências dentro do DLO", afirmou.

Mas aos poucos o secretário domou os mais raivosos, aqueles que por de trás de um discurso sem interesses carregava uma pá de interesses. E muitas vezes, e o mais interessante, que faziam perguntas ao secretário, brandavam em voz alta, mas não ficavam no plenário para ouvir as respostas.

A princípio Flávio de Castro conseguiu responder a todos os questionamentos, e como já afirmado, muitos deles de interesses pessoais e políticos. Pelo menos na frente dos panos. Por que de trás, os resultados ainda não foram conhecidos. Esperemos com o tempo.

Câmara I ou Ufanismo barato

Como a vida política na cidade anda meio devagar, um pouco por culpa das eleições, a Câmara Municipal, felizmente, ainda nos dá bons motivos para escrever algumas destas linhas tortas. Se está sem assunto? Corre para a reunião extraordinária, lá encontra-se o que falar.

E vem de lá mais uma. Mas desta vez vamos recorrer de novo não a afirmações, mas indagações aos nossos leitores. O que faz um político recorrer ao ufanismo barato? O que leva um vereador a propor uma lei que exige o hino de Sete Lagoas (alguém ai sabe a letra de cor? Aliás, alguém ai conhece?) em eventos esportivos oficiais. Tudo bem, o Hino Nacional anda meio esquecido e só lembrado em época da Copa do Mundo e depois deixado de lado. Mas e o hino de Sete Lagoas? Qual seria o objetivo disso?

E se fosse aprovada - o anteprojeto teve parecer contrário em uma das comissões - a lei ia também englobar os jogos que acontecem na Arena do Jacaré. Agora, caros leitores, imagina a cena: jogadores do Atlético e do Flamengo, postos lado a lado, com a mão no peito, a cantarolar o hino da cidade. Aliás, cantarolar seria forçar a barra. No máximo, o lálálárárá que eles mal conseguem no Hino Nacional.

E eis que me deparo com este mesmo vereador na última reunião, com uma bandeira do Brasil em cima da mesa em plenário. Não vi, mas me disseram que Marcelo Pires (e não Cooperselta, pois ali ele é vereador) usou a bandeira para defender sua proposta de lei. Onde ele queria chegar com isso, eis minha pergunta aos leitores.

A Câmara está assim: um usa a Bíblia, outro a bandeira e hinos. Mas e as leis que realmente importam para o povo de Sete Lagoas? Por onde andam?

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Meu Deus, o estado é laico!!!!

Há um bom tempo acompanho as reuniões da distinta Câmara Municipal de Sete Lagoas e venho percebendo que existe uma mistureba ali dentro. Ou se preferirem, um engano daqueles fundamentos de nossas leis, principalmente da Constituição. Não são poucas vezes que assisti vereadores misturarem em suas defesas argumentos religiosos, como forma de justificar suas falas. Alguém ali pode dizer a eles que o Estado é laico?

"Laico adj.s.m. 1 que ou aquele que não pertence ao clero nem a uma ordem religiosa; leigo 2 que ou aquele que é hostil à influência, ao controle da igreja e do clero sobre a vida intelectual e moral, sobre as INSTITUIÇÕES E OS SERVIÇOS PÚBLICOS 3 que é independente em face do clero e da Igreja." Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.

Ao que me parece, alguns daqueles vereadores se esqueceram que a vida seguiu, que não vivemos mais em pleno século XVIII (18, caso eles não saibam ler em algarismos romanos), não existem mais feudos e que há muito o poder foi separado da Igreja. Mas não, alguns ainda insistem no discurso religioso. Na última reunião foi o caso do Sr. Gilberto Doceiro, que aproveitou seu momento de comunicação pessoal para falar de um evento que aconteceu na cidade com o objetivo de combater a violência sexual em menores. Em vez de se apegar aos preceitos legais, que regem este tipo de crime, o vereador usou a palavra para pregar, usando ainda a Bíblia como referência, não a Constituição ou o Código Penal.

É de lascar.

É preciso informar não só à ele, pois Gilberto aqui é usado apenas como um exemplo, que o cargo que exerce não é dele, mas sim como representante do povo no poder público, que como visto lá em cima, é laico. Muitos deles usam sua religiosidade para conseguir votos, influenciar a vida política. O primeiro passo foi dado com a retirada do crucifixo da parede da Câmara. O próximo será a interrupção da leitura de versículos antes das reuniões e a substituição da Bíblia pela Constituição Federal.

Mas acho que ai é pedir muito.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Um prenúncio

Tem coisas que não são fatos isolados, não são obras do acaso e podem servir de prenúncio para algo pior. Ou não. Em bom exemplo disso é o acidente ocorrido no último domingo no estacionamento do novo Shopping Sete Lagoas. Pode até ser tido como um azar, mas não é bem assim.

O centro comercial está em um entroncamento de duas vias rápidas, a Perimetral e a Avenida Otávio Campelo Ribeiro, onde os excessos de velocidade não são exceção, mas sim regra. O acidente da Scania, que deixou oito pessoas feridas, com escoriações leves,atingiu sete carros, três deles dentro do estacionamento, é um sinal de que o trânsito nas imediações tem que ser revisto. Testemunhas afirmam que o motorista estava levemente embriagado, o que piora ainda mais o caso.

Sou contra, a princípio, de quebra-molas. Afinal, eles são uma agressão aos bons motoristas. Mas neste caso, quem está certo acaba pagando pelos erros dos maus condutores. Há outras formas de coibir os excessos, como os radares e multas pesadas em caso de infração. Se não aprendem por bem, vai na marra.

Certo é que há uma necessidade urgente das autoridades competentes de rever o trânsito no local. Com um aumento absurdo de veículos e também de pedestres, o local não pode ficar como era há um ano. Esperamos que este caso não seja igual à famosa curva da Norte-Sul, aquela próxima a aquele clube que todos sabem o nome (como não pagam jabá, não citamos o nome).

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Será que agora sai?

Antes tarde do que nunca, já dizia o ditado. Finalmente o Saae anunciou a licitação pública com o objetivo de contratar empresa para fazer o estudo hidrogeológico da cidade. Não era sem tempo, afinal, não sabemos se abaixo dos nossos pés há uma cratera, ou um rio, ou mesmo terra firme.

Para uma cidade que depende hoje exclusivamente da água do subsolo, este estudo é de suma importância. Até quando poderemos retirar essa água? O quanto de água ainda poderemos retirar sem nenhum dano geológico? E mais. Qual é o peso determinadas áreas da cidade suportam? Quantos andares de prédio podem ser construídos em determinadas regiões? São respostas que este estudo deve trazer, ou pelo menos, que deveriam trazer.

Já conversamos com especialistas da área, doutores professores da UFMG, que se dizem preocupados com a retirada constante da água do subsolo. Eles indicaram que diversas dessa crateras que acostumam aparecer nas ruas e casas da cidade, muitas vezes são resultados dessa exploração, sem conhecer bem e detalhadamente o que corre sob nossos pés. O mais famoso, nacionalmente, foi o buraco do Marcelo, o Cecê, mas há diversos outros que este blog mesmo já mostrou. E o assunto foi deixado de lado por todos os mandantes que passaram pela prefeitura, mesmo sendo algo de suma importância para a cidade. E como estava debaixo do solo, não dá voto.

A licitação será de cerca de R$1,5 milhão, algo próximo ao que os doutores da federal haviam colocados como o valor necessário para este estudo. O que ainda não nos deixou claro, é de onde sairá esse dinheiro: se dos caixas do Saae ou da prefeitura.

Fica ai nossa dúvida.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Pós-eleição

Ahhh, o silêncio. Terminadas as eleições, a cidade volta ao seu ritmo normal, sem carros de som com jingles passando nas ruas a cada milésimo de segundo, sem os horripilantes cavaletes imundos nas ruas, sem panfletagem, sem bandeiraço. Decidiu o que era para ser decidido. Podemos então voltar às nossas vidas insignificantes, sem telefonemas gravados para mostrar que seu candidato é melhor que o outro?

Mas e a vida política da cidade? Como fica? Sabemos de uma: o Doutor Ronald, o João, não o Cana Brava, ficou sem cargo público. Saiu da prefeitura para assumir uma cadeira na assembléia, lançou novamente seu nome às urnas, e apesar da votação - cerca de 30 mil votos - não conseguiu ser eleito. Agora nem é vice-prefeito, nem deputado. No máximo, segundo suplente. Esperamos que não tenha depressão pós-eleição. Outros que também ficaram a ver navios foram Cesar Maciel (1189 votos), Élson da Copafer (1474 votos), Leonardo Barros (1175 votos), para ficar nos candidatos à Assembléia. Já para a Câmara em Brasília, Silvio de Sá obteve 6,5 mil votos.

Mas temos casos que prefiro comentar em separado. O primeiro é sobre a votação da Carol Canabrava, filha do Ronald, este sim, o Cana Brava. Ela obteve exatos 4.162 votos. De duas uma: ou se comprovou que voto não se herda, ou que Ronald não está com o prestígio assim lá nas alturas. Ele ainda terá a desculpa de que não foi seu nome que estava na disputa. Vamos ter que esperar mais um pouco para saber o julgamento final da população.

Já sobre os candidatos à federal, destaca-se que Márcio Reinaldo obteve mais votos que Eduardo Azeredo, logo este, ex-Senador, tão prestigiado em outros governos. A popularidade do Aécio pegou em Itamar, mas quase não pega em Azeredo.

E para a cidade? Maroca tem o aliado Anastasia reeleito no primeiro turno. Ambos do PSDB, ambos ligados. Com isso, facilita o acesso aos programas estaduais. Ainda teve Duílio de Castro eleito, presidente da Câmara, apoiado por ele. Se não teve o Ronald João, teve Duílio.

E por final, falemos da eleição majoritária. A Onda Verde não se transformou em Tsunami, e no máximo conseguiu levar a disputa final para o segundo turno. Claro que a Marina e seu PV saem prestigiados do pleito. Fato. Mas agora, é conhecer quem ela vai apoiar. Vai negar seu passado e suas raízes de esquerda e apoiar o tucanato paulista de Serra ou vai voltar às origens no PT? Ou não vai apoiar ninguém e ficar em silêncio?

Esperemos os próximos dias.