sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Empresa não tem coração...


Já dizia um amigo meu, empresa tem CNPJ, planilhas de lucros, balanços mensais, semanais, anuais, lucros e dividendos. Falo isso pelo fato de nesta última quinta-feira, o prefeito anunciou a doação de um terreno de sete hectares para a empresa Astronne, aquela da Suíça, em que uma comitiva que contava com três vereadores foram visitar em 2010. Em tempo, o deputado Duílio de Castro, indiretamente, criticou reportagem veiculada pelo EM e feita por mim, que questionava a tal viagem. Só para lembrar e refrescar as boas mentes: o que questionamos não foi de fato a viagem, e sim, quem pagou. Um segredo até hoje não revelado. Mas político e jornaleiro é sempre assim: distorcem o que está escrito em papel.

Mas voltando à vaca fria. O que parece ser um anúncio de uma nova era na cidade, de que uma empresa milagrosa chega ao município, é bom lembrar de um fator importante. A empresa vem para a cidade não porque gostou dos olhos do Maroca ou simpatizou com a beleza das lagoas, mas sim porque viu um enorme potencial de mercado na região.

Nem é preciso ficar dizendo que temos as facilidades de ligação, como estrada duplicada, entroncamento com outras regiões do estado e até mesmo do país, a linha férrea, que deverá ser muito usada pela Astronne. A proximidade com a região metropolitana de BH, é uma oportunidade de encher os olhos para uma empresa como aquela, que vai, principalmente tratar o lixo industrial. Parte das atenções durante a coletiva ficaram para o lixo doméstico, mas a real intenção é o tratamento de toda essa parafernália que constantemente não sabemos onde descartar. Monitores de computador, geladeiras velhas, pilhas, baterias, até mesmo carros inutilizados, enfim, todo esse lixo eletrônico que ninguém sabe o que fazer.

E como toda empresa, esta não é diferente e visa o lucro. E como se lucra com o lixo? Primeiro, eles cobram uma taxa para a entidade, seja prefeitura ou outra que queira descartar seus restos. Depois eles fazem toda a separação, o material vira aço, ferro, borracha, até mesmo ouro, que segundo o diretor-executivo da empresa, tem 98% de pureza, próprio para o mercado, que pode ser vendido não como sucata, mas como matéria prima para outros produtos.

É uma idéia industrial fabulosa, com ganhos certos de muito dinheiro. E ainda se ganha o terreno da prefeitura. Que empresário não vai querer?

5 comentários:

Túlio Thales disse...

Realmente este pode ser chamado de negócio dos sonhos... vc ganha pela matéria prima ao invez de compra-la e consegue extrair até mesmo ouro! Detalhe... 98% de pureza...
Era uma vez uma serra pelada.

Anônimo disse...

Sélagoas é pródiga em abrigar projetos mirabolantes, graças à táticas de desinformação geridas pelo executivo municipal; e não é só neste governo; inaugurou-se tal perfídia a partir de Cêcê (alguem lembra do projeto da Norte Sul e a retirada da linha férrea?)juntamente com o estreitamento de vínculo entre deputados federais e o executivo municipal; e isso não parou mais. A cidade é apresentada como um "pinico" ou uma "cortesã" que aceita qualquer coisa. e a participação popular? vai se restringir a blogs, ecléticos, silenciosos e de pouca envergadura social? Este projeto inexplicável demonstra a minha análise. Stefano

Felipe Castanheira disse...

Tem mais uma coisa que é muito importante nesta conta feita pela empresa suiça. Os baixos salários da cidade, que garantem um lucro ainda maior para eles. Vale lembrar que o lucro só pode ser calculado em comparação aos salários de seus empregados.

rogerio disse...

caro anônimo, sem querer viajar demais..ja pessou a Randolfo Simões hoje com aquela cancela para passagem de trems com o trânsito que temos hoje? Se fosse para ter uma ligação com o metrô de belo horizonte seria até bacana os Blogs,algums como esse tem uma função social sim pois nele encontramos informações que não saem na imprensa de papel da cidade.
Esse projeto pode não ser o ideal...mas aqui hoje tenho tranqueiras eletrônicas que não sei como dercartar,muita coisa com chumbo ,litiun e outras que não sei o nome ficar só de "beicinho" para tentativas de soluções não resolve,aguardemos tais soluções podem ter um efeito positivo

Stefano Venuto Barbosa disse...

Estive pensando em montar uma zona gigante, com 300 quartos, cascata de licor de catuaba, lama do Cálcaso, praia artificial com areia preta de Guarapari(monazítica), cachaçaria com garrafada de xereca de Bota. Será que prefeitura doa o terreno? Tá fácil mesmo, sem contar que aqui você ganha a água também, porque quem conhece sabe que para reciclar gasta-se milhões de litros de água. A gente deveria ter parado na fonte luminosa de Cecé, que veio um francês um ano instalar aquela porcaria, nós não damos sorte com estrangeiro mesmo.