sexta-feira, 2 de maio de 2008

Resultado de esforço

Se fazer cinema no Brasil com dinheiro já está difícil, imagina produzir sem nenhuma verba. Este é o grande mérito do diretor Capucci Júnior, que estreou seu primeiro longa-metragem na noite de quarta-feira em Sete Lagoas. Segredos do Porão é a primeira produção feita por uma empresa do interior de Minas Gerais, a Capucci Cine Produções, que enfrentou dentre seus maiores desafios, além da falta de dinheiro, a pouca experiência tanto do diretor quanto dos atores na linguagem cinematográfica. Apesar das ressalvas, o longa é o resultado de um esforço coletivo, e uma escola para os próximos filmes.

O filme, de suspense, conta sobre um jovem casal em férias que resolvem passar uns dias no interior de Minas Gerais em um lindo hotel quando em meio a uma noite tempestuosa, decidem visitar a tia, uma velha senhora que vive em um casarão bicentenário, que mantém um estranho contato com o falecido esposo. Uma trama que envolve suspeitas de assassinato, suicídio e um tesouro escondido. O roteiro foi escrito pelo próprio diretor, inspirado em seu pai. “Ele passava por um processo de enfermidade, e eu queria fazer algo que ficasse pós morte. Ele é a parte central do filme”, revela Capucci Júnior.

Segredos do Porão não deve passar pelas salas de cinema, mais uma vez por falta de verbas, mas deve seguir diretamente para as locadoras, distribuído através da Columbia. Capucci tem vasta experiência em animações, e participou diversas vezes do Animamundi. Mas, para ele, a principal diferença é o trabalho com os atores. “No filme há um calor humano. Quando eu produzia os curtas animados, eu interagia somente com o computador. No caso do filme foram sete meses de produção e as dificuldades foram trabalhadas junto com os atores”, reconhece o diretor.
Toda a produção foi feita na região de Sete lagoas, e a equipe, que segundo Capucci não passou de 10 pessoas, que incluem os cinco principais atores, também são sete-lagoanos. Os atores, que vieram todos do teatro, também da cidade, apresentaram uma certa dificuldade em interpretar para as câmeras. “A diferença de atuação é justamente não ter tanta liberdade quanto o teatro para interpretar. No cinema tem que se preocupar com aquele pequeno espaço. Mas é uma experiência interessante”, definiu Ilza Gonçalves, que interpretou Dona Helena, a senhora que mantinha contato com o falecido marido.

Por ter grande experiência com animações, o diretor usou o recurso para amenizar certas deficiências. Mas algumas imagens longas e repetitivas, deixaram o filme um pouco cansativo, principalmente nos primeiros minutos. Isto é conseqüência do roteiro, que originalmente era para um curto, mas que no final das contas se tornou longa-metragem de 1h50 minutos. Mas para o diretor, Segredos do Porão é o primeiro passo. “Ainda temos oito roteiros prontos. Acredito muito na idéia de Glauber Rocha, da câmera na mão e uma idéia na cabeça. A tecnologia veio para ajudar, principalmente viabilizar para aquelas pessoas que antes não tinham a menor condição de rodar um filme, encarar o desafio”, avalia Capucci Júnior.

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