quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Casas de veraneio dos ricos de BH?

No Prelo não é lá muito fã da Revista Veja, mas esta é uma opinião destes dois que vos escrevem. Porém, todavia, entretanto, respeitamos o veículo de comunicação, que querendo ou não, é um dos mais importantes da América Latina. E justamente a revista trouxe em sua última edição um levantamento sobre 20 cidades brasileiras de médio porte que poderão ser as "metrópoles do futuro", além de outras com grande potencial para se tornarem referência daqui há pouco tempo.

Sete Lagoas é uma delas, o que sem sombra de dúvidas é uma verdade inconteste. O desenvolvimento do município desde o início desta década é evidente. Sete Lagoas pulou de uma cidade de interior para um município que abriga importantes multinacionais e empresas de renome, tais como Iveco Fiat, AmBev, Elma Chips, Brennand Cimentos, OMR entre outras, que possibilitaram a diversificação da economia, antes presa à cadeia do gusa - que ainda responde por grande fatia do setor. Mas isto caiu do céu assim, ao gosto de Deus? Foi por iniciativa de nossos digníssimos políticos? Bem, em parte.

Primeiro porque o Criador - isso é para quem acredita viu gente, não vamos discutir religião aqui - deu à Sete Lagoas uma localização privilegiada. Os índios que habitavam estas terras há longíquos anos observaram um local excelente para montar sua aldeia e viverem felizes para sempre - ou pelo manos até os Bandeirantes chegarem por estas bandas. Em segundo lugar, a iniciativa política tem sua participação na isenção de impostos e colocação de áreas à disposição (nem que para isso tenham que arrancar um bairro inteiro do lugar).

Mas o que mais aproxima Sete Lagoas destas empresas é justamente sua localização privilegiada, vias de escoamento, proximidade com a capital etc e tal. Todo mundo já está cansado de ouvir isso. A vinda destes empreendimentos segue o ritmo normal de qualquer empresa que procura facilidades para produzir e escoar, mas não quer dizer que a chegada de uma primeira não tenha facilitado a vinda das demais. Isto é óbvio e claro.

A Revista Veja colocou Sete Lagoas como balneário industrial, numa matéria pequena, bem amarrada quanto aos investimentos aqui feitos nos últimos anos, mas justamente ela, que se gaba por aprofundar nos temas que aborda, não citou problemas estruturais graves e de anos com os quais convivem os locais. O tratamento de esgoto é falho, a distribuição de água em alguns pontos do município também, determinados bairros sofrem com a sujeira, o trânsito na área central está pela hora da morte e por aí vamos seguindo.

A cidade avançou muito nos últimos anos, mas ainda precisa crescer mais nestes quesitos. Iniciativas têm sido tomadas e até surtido efeito. Precisamos pensar a cidade daqui a 30, 50 anos e estamos caminhando neste rumo. Agora, falar que Sete Lagoas “abriga casas de veraneio dos ricos de Belo Horizonte, que viajam apenas 70 quilômetros para desfrutar os sítios e chácaras situados às margens dos seus lagos” é demais. E tudo que é demais, passa da conta. Não teriam confundido Sete Lagoas com Lagoa Santa?

6 comentários:

Anônimo disse...

Cabe ressaltar que hoje Sete Lagoas tem 4% do esgoto tratado. Ao final das obras do PAC Esgoto (iniciadas em 2009), o percentual sobe para 80%.

O PAC Água está em execução e já estão sendo criados 13 novos reservatórios e tubulação que interliga os poços, equalizando o abastecimento entre as regiões.

Com a etapa de captação de água do Rio das Velhas, será possível fazer a recarga dos reservatórios. Esse planejamento já prevê a cidade para daqui 15 anos, quando deve ter uma população de 378 mil habitantes.

Ramon Lamar disse...

Amigos,
convém lembrar que o que nos alimenta, também nos mata. A proximidade com Belo Horizonte tem sido cantada e decantada anos a fio como o grande entrave para o setor terciário de Sete Lagoas.
Gostaria de saber a opinião de vocês sobre a IVECO ter assumido 4000 desempregados das siderurgias e da importância fundamental (enorme indicador de desenvolvimento) de uma enoteca e de agência de babás.
Ainda sobre a matéria, nem uma palavra sobre os investimentos do Shopping (olha o setor terciário aí tentando mudar o jogo) ou sobre os cursos nas faculdades locais visando a preparação de mão de obra qualificada (ah, não precisa, é só pegar nas siderúrgicas).

No Prelo disse...

Realmente o assunto é quente e justamente por isso chama a atenção. Ao grande amigo e professor Ramon Lamar, faltou a abordagem mais profunda da quanto à inauguração do shopping, que vai criar centenas de empregos e fomentar o setor de serviços na cidade. Ao contrário do que pensam alguns, sua abertura não vai acabar com o comércio na região central e nos bairros, pelo contrário, já que a concorrência sadia é elementar. Os cursos de capacitação e profissionalização são importantes para a qualificação, isto é óbvio, mas os salários, pena, não vão melhorar num curto ou médio espaço de tempo. A política enrraigada vai continuar ditando o ritmo neste setor (precisa comentar ou apontar os responsáveis?). Ao anônimo, obrigado pela participação, e pelas informações constantes em seu comentário, você está ligado ao SAAE até a alma. Você pôide perceber que abordamos o momento atual e não daqui há algum tempo. A matéria não é "fria", é de agora e neste momento pouco disso que você abordou está pronto, em uso. Dissemos que muita coisa tem sido feita e surtido efeito, mas ainda carece de melhorias. E precisa muito. Obrigado!

Ramon Lamar disse...

Rapaz, nunca vi um anônimo se identificar tanto!!!

Stefano Venuto Barbosa disse...

A revista Veja é um panfleto Psdebista. Muito fraca, aliás, é uma revista boa pra se "ver" em consultório de dentista, quando o barulho e temor do motorzinho, não nos permite aprofundar muito. A reportagem foi superficial, só apontou qualidades. Se fosse um boa revista deveria se chamar "Leia".

Renato disse...

Uai, acho que vou voltar para esse paraíso. Tem uma vaguinha aí no No Prelo?