quinta-feira, 18 de junho de 2009

A crise é dos jornais, não do jornalismo!!!

No Prelo não gosta de Veja. E Veja, quem sabe, não deve gostar de No Prelo. Mas nem por isso discriminamos aqueles que assinam a revista ou tiram delas conclusões para sua vida. Porém, de vez enquando Veja nos brinda com reportagens interessantes, lógico que não aquelas sobre assuntos ligados à vida política...óbvio.

A edição desta semana da Revista trouxe entrevista do correspondente em Nova York, André Petry, com Gay Talese (77), uma lenda viva do jornalismo e um dos mais festejados criadores do chamado "novo jornalismo". Para quem não sabe, o novo jornalismo une a sagacidade da investigação com a forma literária de relatar os fatos. (Aprendemos isso na Faculdade e usamos e desusamos quando queremos, depende do assunto)

Para Talese, a crise que observamos hoje na mídia impressa não é do jornalismo, mas sim dos jornais. Ele está coberto de razão. Jornais vão, jornais vem, mas o jornalismo está sempre aí...todos os dias repórteres vão às ruas apurar suas reportagens e levar aos leitores, ouvintes, telespectadores. Um trabalho só feito por ele, pelo jornalista.

Jornalista de verdade não se rende ao fato cru, busca a outra face, quantos ângulos precisar para levar a informação da melhor maneira possível. Observa e sobretudo é cético, não se rende. O jornalismo de verdade não publica o que querem que ele publique, mas sim o oposto, porque publicar o que querem seria publicidade. O Jornalismo, com "J", não suporta o mentiroso, não é subserviente. Não agradamos a todos e nem o queremos...No Prelo faz, SIM, Jornalismo.

Para encerrar este post, que nada mais é do que divagar sobre esta profissão não reconhecida pelos nobres ministros do Supremo, em suas cadeiras acolchoadas e no ar condicionado, colocamos mais uma frase de Gay Talese publicada em Veja e sobre o que divulgam alguns "blogs": "Para piorar, surgiram esses blogs com blogueiros desqualificados, que apenas divulgam fofoca. São como uma torcida num jogo de futebol que fica o tempo todo gritando para os jogadores, para o juiz. É gente que não apura nada, só faz barulho". Como não concordar dado o que vemos hoje em dia.

8 comentários:

Paulo do Boi disse...

Caros Jornalistas, com J.

Tá na cara que os "nobres ministros" querem desqualificar a profissão. Isso parece fazer parte de um troco que estão dando ao "poder" dos jornalistas sérios deste país. Tudo porque começamos a entender do sistema político brasileiro através da classe dos jornalistas que, diga-se de passagem, é uma das poucas classes destes país que se preocupa com o exercício da democracia no PÉ DA LETRA. Enquanto os jornais estampam a cara dos políticos que constroem castelos, distribuem mensalões, empregam familias (Sarney que o diga) através de atos secretos e outras maracutaias mais, os ministros do poder que devia amparar o único refúgio do cidadão,Justiça, acabam por tratar, de maneira injusta, uma das mais nobres profissões deste país. Sim, porque devido ao jornalismo sério e idealista é que nós, povo, ficamos sabendo das coisas.
Que pena!
Me ocorreu, por um momento, que tudo é uma tentativa de desfazer da profissão dos jornalistas com J que os enfrentam e denunciam as tramóias e maracutais políticas que acontecem em todos os poderes deste país.
Não desistam nunca!

ELES PASSAM E NÓS FICAMOS.

Obs. Teve um ministro que foi voto contra, e foi o único, quem é ele mesmo?

Stefano Venuto Barbosa disse...

O ministro contrário foi o Marco Aurélio de Melo (primo do Collor) Paulo do Boi. Eu penso diferente e acho que a crise é do leitor. Lembro bem do meu avô materno, teve pouco estudo, mas tinha uma cultura incrível e senso crítico igualmente formidável. Infelizmente, o nosso país despresa essa verdade, enquanto isso vamos construindo presídios...

No Prelo disse...

Caro amigo Paulinho do Boi. O ministro é o Marco Aurélio Mello...que nos parece ser o único que sabia realmente o que estava tratando. Não pelo fato de votar a favor do diploma, mas simplesmente pela fundamentação de sua defesa. Enquanto isso, o nobre presidente Gilmar Mendes fez comparações esdrúxulas...para desqualificar a necessidade do diploma. Mas cremos - e temos que nos ater a isso - que bagagem manda muito. Não bagagem de vida´, porque isso é inerente à maioria dos cidadãos, em todos os ramos de atividade, mas bagagem específica sobre a atividade. E iremos, com certeza, continuar a agir da forma como agimos. Obrigado amigo....

Anônimo disse...

Jornalistas,

Acredito que há sim uma retaliação em relação aos jornalistas, principalmente porque iniciaram um movimento que estava se equiparando a um quarto poder dentro da República.

Com a decisão do Supremo haverá uma banalização do setor, e os jornalistas, que eram protegidos($$$$) no exercício de sua profissão, terão muito mais trabalho com fatores secundários, que pertubarão o desenvolvimento de sua atividade primeira, que é o jornalismo.

Assim, aplaudidos pelos outros poderes, o Judiciário resolverá uma situação que estava incomodando a todos os outros, possibilitando a partir de agora que qualquer pessoa reaja aos ataques da imprensa, com informações que terão o simples cunho de redirecionar os holofotes...

A "fofoca" nunca recebeu um estímulo tão grande, em qualquer sociedade, quanto tem recebido neste momento.

Assim, discordando dos votos dos Ministros, perde a democracia... Ganharão ($$$) os oportunistas!

Amaro Marques

Unknown disse...

Gente!!!

A coisa é mais séria do que eu penso, leiam a seguir a reportagem que tirei do yahoo notícias.

Yahoo Notícias!

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, disse hoje, em São Paulo, que a decisão de derrubar a exigência de diploma de jornalista, tomada pela Corte esta semana, deverá criar um "modelo de desregulamentação" das profissões que não exigem aporte científico e treinamento específico. "A decisão vai suscitar debate sobre a desregulamentação de outras profissões. O tribunal vai ser coerente e dirá que essas profissões podem ser exercidas sem o diploma." Há, segundo o ministro, vários projetos sobre o tema no Congresso, que, se chegarem ao STF, terão a mesma interpretação dada à questão do diploma de jornalismo.

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"A regulamentação, se for o caso, será considerada inconstitucional", afirmou o presidente do STF. Mendes esclareceu que, a partir de agora, o registro de jornalista no Ministério do Trabalho "perdeu o sentido", assim como todos os outros aspectos que regulamentavam a profissão. "O registro não tem nenhuma força jurídica." O ministro também disse "não ser viável juridicamente" a elaboração de uma nova lei pelo Congresso exigindo diploma, como sugeriu o ministro das Comunicações, Hélio Costa.

Meu Deus!!!

Que país é este?

Obs. Não sou contra os práticos que exercem a profissão com J mas, convenhamos, temos que estimular nosso povo ao exercício do estudo e aperfeiçoamento da técnica. Senão vejamos, antes tinhamos a reprovação escolar, bomba, hoje não temos mais, as pessoas estão se fomrando, quase que, sem saber escrever o próprio nome. Isso é fato. Agora para exercer uma profissão tão séria não será preciso sequer estudar...

PERAÍ UAI!!!!!

Boto Cinza disse...

Há décadas, o Bóris Feldmam,em entrevista ao Pauta, jornal do Sindicato dos Jornalista,criticou a exigência do diploma. Trabalhava na área (Era e ainda é editor do caderno de veículos do Estado de Minas)sem ser jornalista. Disse que fez a faculdade porque o pessoal estava enxendo o saco dele. Indo às aulas, encontrou um colega professor que perguntou: "Uai Boris, o que você está fazendo aqui?". Diante da explicação o mestre remendou: "Faz o seguinte, dá uma aulas aqui para mim que eu abono suas faltas até o final do ano".

Na entrevista, o Bóris também disse: "Dos meus colegas de sala eu contrataria apenas 5%. E esses, para mim, não precisariam apresentar nenhum diploma."

O pessoal do Pauta foi muito profissional, mesmo questionando e não concordando com o Bóris, publicou a matéria.

Jornalistas, com diploma ou não. Agora é o mercado quem vai selecionar. Só vai sobreviver no ramo quem realmente tiver competência. Um diploma não garante isso. E também ética, que se adquire desde o berço e não somente nos bancos acadêmicos.

Abraços!

Blog do Flávio de Castro disse...

Caros amigos,

Estamos diante de uma discussão estúpida. A Linda trouxe ao debate um comentário do presidente do STF que é perigosíssimo: está-se criando um "modelo de desregulamentação das profissões que não exige aporte científico e treinamento específico". Eu pergunto: quais profissões prescindem de aporte científico e treinamento específico? Quem vai arbitrar isso? Jornalistas não precisam, mas os tais 'operadores de direito' precisam? Na sociedade moderna o acúmulo de conhecimento é irrelevante? Podemos retroagir ao passado e dizer que a experiência prática dá conta do recado?

Eu não gosto de levar essa conversa para o lado corporativo. Como arquiteto, adoro dois arquitetos que não são arquitetos: Le Corbusier e Zanini. Mas digo: se aparecerem outros iguais a estes, eles vão se impor com ou sem diploma. Isso vale apenas para gênios. Para todos nós outros vale a regra: 4 ou 5 anos nos bancos escolares e um registro que impõe direitos e responsabilidades. Ponto.

Observando o título deste post, eu me pergunto: entre donos de jornais, ministros do STF e jornalistas, quem anda fazendo mal ao país? Os jornalistas não são...

No Prelo disse...

Caro Flávio de Castro, mais uma vez com um comentário que não precisa comentar. Na verdade, o que observamos é que a medida tomada pelo STF buscou "ajudar" ainda mais uma oligarquia política existente neste país e que detém um conglomerado de meios de comunicação em rincões como Maranhão (Sarney), Roraima (Romero Jucá) entre outros digníssimos senadores que passam, atualmente, por uma das maiores crises que o Senado já teve notícia. Lá, a crise é de alguns senadores, que por conseguinte jogaram a Casa na lama. Aqui, no nosso caso, a crise pode ser dos jornais sim, que num embate com as novas tecnologias muitas vezes não têm se sobresaído bem. Quem anda fazendo mal ao país são alguns donos de jornais inescrupulosos e também, agora, os nobres ministros que jogaram por terra a profissionalização da notícia, o tratamento diferenciado e com o mínimo de ética exigido. Obrigado...